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08fevereiro

Você já assistiu a série canadense Anne with an E?

Dentre as muitas problemáticas abordadas, a série nos coloca em contato com diversos processos singulares do tornar-se quem se é, em pleno século XIX.

Nesta ordem social estabelecida, quem sou eu? – Como quero ser? – Serei aceita sendo quem sou? – Quanto me custa vestir um personagem para agradar?

Considero que essas questões perpassam a construção de um eu, a qualquer época.

Nesse processo de tornar-se, às vezes é necessário ir embora dos lugares e das pessoas que desacolhem. Às vezes é preciso acessar o próprio suporte e os próprios valores, para manter-se mulher que usa calças, no território dos vestidos e espartilhos. Às vezes é fundamental apenas continuar se habitando, entendendo que “ser nós mesmas faz com que nos isolemos de muitos outros e, entretanto, ceder aos desejos dos outros faz com que nos isolemos de nós mesmas” – como disse Clarissa Pinkola Estés.

Nesse percurso íngreme, é bom encontrar quem nos acompanhe, quem nos olhe com amor, quem nos diga a verdade e quem chacoalhe as nossas, quando estivermos desalojadas de nós.

Em certo episódio, diz uma personagem: “Não há um caminho certo na arte ou na vida. Às vezes não há nenhum caminho. E você deve demolir paredes e esculpir o seu caminho através das madeiras, para chegar onde precisa.”

É sobre criar um novo chão com seus instrumentos e seus sentidos, se autorizando a ser diferente do esperado e transgredindo normas que te deixam em pedaços, desintegrada e cheia de fissuras que ninguém mais sentirá, só você.

Ainda tenho identificado, derrubado e reconstruído paredes, ainda estou esculpindo os meus caminhos de ser, e acolhendo essa inconclusão. Porque é caminho longo e ninguém é pra já. Só sei dizer, como pessoa e profissional, que é extraordinária a sensação de, cada vez mais, pertencer a si mesma.

Colhi um pouco de Anne pra mim e repito com ela: “serei algo que me emociona”.

Dá senso de continuidade e de compromisso amoroso.

  • Imagem principal encontrada no instagram de @georgiarosehardy.
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"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber