05setembro

Quantas e quantas vezes precisamos nos dar as mãos, e nos ajudar a bombear nosso próprio coração, de modo artesanal?
Olhar pro lado e saber que se tem por perto, é sublime. É algo que transpassa o ser, com o entendimento do que seja autoamor.
Autoamor é entrar na caverna sozinha e sair da caverna se maternando. Não compreendo autoamor como um constante, em que estamos sempre e sempre e sempre nos amando. Pode ser ir e vir, sim. Pode ser entrar e sair da caverna se torturando, mas no primeiro respiro fora dela, notar e acolher. – “Opa! Vem cá. Senta aqui.”
Como Frida, é possível colocar no colo seus instrumentos, suas dores, para poder recriar, romper, religar, sentir a existência (de novo).
Lembra quando você tomava uma queda, quando criança?
Talvez, já apareceu um(a) adulto(a) querendo colocar um remédio ardente em cima do seu machucado. O que seria desse momento sem aquele sopro pós remédio, que parecia aliviar tanto e muito?
É isso.
A cicatrização envolvia o seu organismo refazendo um caminho para se restabelecer, envolvia o ardor, a dor, envolvia o sopro, envolvia o tempo, envolvia uma marca, envolvia você.
É bom que se tenha por perto nas cicatrizações, nas visitas às cavernas, nos bancos das praças, na vida.
Ser companheira de si.
🎨 arte: As duas Fridas – de Frida Kahlo.
"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber