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28maio

O corpo na sociedade do desempenho

Proponho pensarmos sobre os afetos que podem chegar para o corpo, nessa sociedade do desempenho.

A imagem corporal é construída ao longo da vida e é atravessada por aspectos relacionais, psicológicos, biológicos, culturais e sociais. Por isso, além de entender qual é o valor dado ao corpo no nível micro, é importante ampliar o olhar para o macro, ou seja, para o contexto cultural, social e inclusive histórico, em que o indivíduo está e esteve mergulhado ao longo da vida, ou como um ser pertencente a determinado sexo, no sentido do biológico, de genitais. Existem expectativas sociais diferentes quando se nasce em um corpo com vagina e em um corpo com pênis.

Considerando esses elementos, é importante nos perguntarmos: qual é o valor e o lugar que se dá para a aparência física, nesses diferentes ambientes em que o desenvolvimento humano acontece?

Todos esses contextos podem influenciar, enormemente, a maneira pela qual o corpo será olhado, tratado e sentido, de modo individual e coletivo. Assim como, produzir sofrimentos diversos, na medida em que são estabelecidos padrões e normas, que falam acerca do que é aceitável, negando-se e rejeitando-se quem não se enforma e nem muda suas formas.

Nesse sentido, é fundamental sabermos nos posicionar frente a essas normatizações, que desabrigam e que estão carregadas de preconceitos. Com isso, é bom destacar que é necessária a busca por informações, para que tais preconceitos e valorização excessiva da aparência física na vida, não sejam reproduzidos. Mas desconstruídos e repensados.

Existem estudos que apontam que saúde, sobrepeso e obesidade não tem, de maneira determinista, uma relação oposta. Ou seja, muitos pensam que quanto mais gorda uma pessoa for, menos saudável será também. Só que isso envolve uma diversidade de fatores e, para começar a reconstrução das ideias acerca da temática, eu vou te contar o seguinte: uma pessoa gorda pode ser metabolicamente saudável, o que abrange estilo de vida,  a forma de distribuição da gordura no corpo e exames dentro da faixa de normalidade, em termos de níveis de triglicerídeos, HDL, pressão arterial e glicemia, por exemplo.

O que quero trazer é que diversas pesquisas são feitas, trazendo dados importantes sobre corpo e saúde. E é bom que sejam acessados!

Um corpo saudável vai além da forma. É na relação dentro-fora que a saúde chega e permanece. Cuidar-se é amplo e engloba alimentação, movimento corporal através de exercícios, atenção com as emoções, e busca por ampliação do que é valoroso, dos seus valores existenciais, para além da aparência física.  E isso serve para todos os corpos viventes no mundo.

Suas estrias, cicatrizes, celulites, marcas e contornos, falam sobre a sua história e sua ancestralidade. São registros do vivido, inscritos no corpo que você é. E este corpo é a sua via de contato com o mundo. É por onde é possível experimentar, tocar, se deixar ser tocada, é por onde prazeres e dores invadem e transitam, é o lugar dos movimentos e das possibilidades. Um corpo que possibilita, que sente, que vive. E isso poderia ser considerado e abraçado, frequentemente: chamamos de autorrespeito.

Dicas de artigos que foram indicação em um curso:

Obesity and Cardiovascular Disease – Carbone S. e col

Healthy Lifestyle Habits and Mortality in Overweight and Obese Individuals  – Matheson E. e col.

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"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber