18abril
Para James Kepner, a Gestalt-Terapia é uma abordagem corporal. Nosso trabalho abarca a propriocepção, recordar-se corpo, dar-se conta do que acontece enquanto corporeidade, que envolve relação, existência, totalidade mente-corpo. Você pode me perguntar qual é a importância disso. E eu posso responder que se a sua vida acontece através desse corpo, retirá-lo da sua visão e do seu sentir, é retirar possibilidades e descobrimentos grandiosos. É retirar muito. Somente quando des-cobrimos, quando tiramos o véu que cobre, é que podemos acessar consciência e transformar.
O corpo é um modo, expressão, fronteira e linguagem. Pode tornar-se hábito, padrão e rigidez também. Convidamos o indivíduo a ser espectador desse universo que acontece nele, mas não só isso. Convidamos à “escuta das potencialidades perceptivas do corpo”, citando a bailarina Jussara Miller. Convidamos a encontrar o corpo misturado com as armaduras, a desabitar repetições automáticas e criar um vocabulário para si e por si.
No Ocidente, sobretudo, o corpo é lembrado apenas quando dói, quando adoece, quando impede a produtividade, quando é instrumento para se chegar a um ideal de beleza. De acordo com Adriana Schnake, gestalt-terapeuta chilena, a máxima alienação de uma pessoa é quando vive a si mesma como um objeto que precisa consertar. Para isso, busca-se o especialista que cuidará do objeto e que sabe mais do objeto, enquanto que se aguarda apenas os termos do “quanto custa” e do “quanto tempo leva”.
Quem sabe mais do “objeto” mesmo? Objeto? Quem sabe mais de si?
As respostas estão dentro.
Como disse Klauss Vianna, professor de dança, “o que importa é lançar as sementes no corpo de cada um, abrir espaço na mente e nos músculos. E esperar que as respostas surjam. Ou não.”
Nem sempre vai surgir uma resposta, nem sempre vai ser possível suportar (ter suporte para) uma resposta. Mas sempre haverá algo que emerge, que passa, que volta, que fica. Percebe o movimento?
Imagem: @sarahblais
"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber