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Isso é imenso

O corpo é inteiramente fundamentado no suporte, na proteção e no movimento. Observe os ossos. São mais de 200 ossos reunidos para, dentre outros, sustentar-nos. Toque os ossos do seu corpo. Reconheça a força deles, o quanto protegem, o quanto são fronteiras necessárias que impedem tantas e muitas invasões.

E os músculos? Trazem diversas possibilidades de movimentos. Será que estão com espaço por aí? Será que estão contraídos a ponto de diminuir o contato com uma respiração mais profunda e ampliada? Será que se sentem livres? Ou se sentem apertados?

Nossos corpos são imensos em sabedoria, em preservação e sobrevivência. Temos memória disso tudo em nós.

Habitar o seu corpo é transitar por entre as esquinas e frestas, com os dedos ou com as danças. É respirar grande, é sentir que há espaço para mover muita coisa por aí, e de maneiras diferentes, talvez engraçadas, curiosas, abertas ou prazerosas. É confiar nas articulações, nos tendões, na coluna, nos pés. É confiar no processo de fluxo que o corpo nos demonstra a cada dia.

O amor ao corpo, não parte do lugar de amar a aparência deste, exatamente. Mas amar suas funções de manutenção cotidiana de vida. Amar as pontes sensoriais do corpo, que nos levam a alcançar ou atravessar afetações importantes. Amar um corpo que é e está vivo.

Enxergar o corpo na magnitude que tem, muda bastante a qualidade de ser. Não é mais coisa, não é mais um outro, não é objeto-atração ou objeto-produção. O amor ao corpo traz o senso de que existe um organismo grandioso, mestre, que possibilita um mundo inteiro de experimentações.

É inegável. A vida acontece pelo corpo. Sim. A vida passa, deságua, encontra abrigo no corpo. É no corpo que a vida acontece. E isso é imenso.

– Fotografia belíssima de @justhephotog