10janeiro
Era julho.
No solo mais improvável e difícil de 2020, me veio esse nome.
Eu tinha muitas perguntas e a Gestalt-Terapia ainda não havia respondido. Eu não conhecia espaços que falassem sobre o trabalho corporal na abordagem gestáltica, tão fortemente. A minha sensação é de que era sempre um assunto de passagem, e eu queria habitar o tema por tempo suficiente, demorar nele, respirar nele, sentir possibilidades outras, ampliar o olhar, fazê-lo do tamanho que tem, grande.
Eu sentia falta. Senti falta e pari esse lugar de saber e não saber, de sentir e não sentir, de buscar e permanecer.
Sentir falta, minha gente, também é fértil.
Foi desde dentro do vazio que rompi essa semente, deixando acontecer o que queria acontecer.
As perguntas me trouxeram até aqui. Existem tantas e muitas outras ainda, mas o coração parece ter se aconchegado um pouco mais. Só que ô coração danado. É caminhante e curioso. Continuamos, portanto.
É assim que decidi, através de trocas com profissionais da minha confiança, tornar o laboratório de estudos e vivências corporais uma marca registrada.
Defender, cuidar, plantar flores, lançar sementes, cheiros bons, preservar. Foi decisão difícil, quase troquei o nome do Corpografias®, pensei em deixar pra lá, inclusive. Porém, enquanto mulher negra, com vivências de invisibilização em alguns momentos da minha vida, isso se tornou assunto de terapia. E ainda é.
É mais que uma marca, é registro para além. Significa que estou viva, presente, me escolhendo e fortalecendo meus corres.
Tenho projetos lindos que estão sendo gestados na carne primeiro. Aguardemos.
Agradeço a todas as pessoas que já olharam pela janela, algumas sentaram no sofá da sala, outras estão aqui, com as mãos dadas.
"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber