24janeiro
Esse é um escrito para todas as pessoas que se desculpam quando ocupam determinados lugares.
As nossas histórias tem tantas rachaduras, né!? Uma delas pode ser aquela que partiu em pequenos pedaços o nosso senso de eu e de valor próprio. Assim, podemos seguir na vida descarnadas(os), sem a carne que materializa nossas presenças fortes no mundo.
E presença forte é sobre ocupar o lugar que se deseja, dar vazão à própria grandeza e produzir os ecos que te registram em outros corpos, outros timbres, outros solos.
As rachaduras no senso de eu e de valor próprio levam o indivíduo a não manifestar o tamanho que tem. Muitas vezes, passando uma vida inteira se escondendo e se protegendo, sem romper essa bolsa que provoca o nascimento, e tantos nascimentos.
Penso: Ah se essas pessoas soubessem a imensidão que são, o quanto podem, o quanto podem provocar infinitas florações em si mesmas.
Eu aprendi a soltar-me nas águas do que conquisto. E precisei romper a bolsa, num percurso esburacado e desviante, para saber que posso me permitir à fruição.
Você percebeu o que eu disse?
Um percurso esburacado e desviante. Em que podemos ser queda, ser quem não atende expectativas alheias limitantes, ser desvio.
Mais além. Aprendemos a ser como o réptil que entende de troca de pele e tamanho. E que sabe que está tudo bem crescer, sem se desculpar.
Posso recomendar uma música?
Escuta “Germinar”, de Flaira Ferro. Essa letra me dá carne e fortalecimento. Note como chega em você
"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber