09agosto
e também conheço muito das minhas coragens.”
Às vezes a gente conta a história sobre nós pela metade, não é?!
Pode ser importante saber da existência dos medos em ti, das fragilidades, das falhas, das dores e dos desamores. Sim, pode ser importante, porque não é possível transformar nada, sem ao menos ter consciência da coisa, sem ao menos sentir desde as vísceras à pele, sem passar por.
Só que às vezes esquecemos a outra metade da frase e da história, permanecendo no lugar apertado da impotência, sustentando uma orientação que só se conecta com a parte dos desconfortos, da falta, do ameaçador, do que faz acessar um senso de inferioridade ou de imobilidade, talvez.
Lembro de mim, quando cheguei em Salvador para morar. Exemplo simples. Eu morria de medo de sair para ver um pôr do sol, ir numa praia, estar com pessoas na rua. E eu me apresentava muito nas relações interpessoais, a partir desses medos. – “sou medrosa” poderia ter se tornado sobrenome, se eu não ampliasse o meu sistema de orientação, para também perceber que eu não era só “medrosa”. Eu era medrosa e era muito corajosa.
Completar a frase, portanto, foi como encontrar a chave de um baú misterioso nunca antes acessado. Foi começar a construir minhas narrativas a partir de uma história de muitas coragens também. Foi combustível. Aceitar minhas outras formas presentes, ganhar volume, ocupar meu espaço, autorizar os medos e suas importâncias, sabendo das coragens.
Se eu puder chegar até você hoje, que seja através dessa lembrança. Complete as suas frases. Esteja perto de pessoas que te ajudem a completar as suas frases, também. Recorde todo o trajeto percorrido até agora, de todos os recursos dentro e fora já acionados, de todas as travessias e mergulhos no desconhecido já feitos, das suas belezas e gentilezas. E complete as suas frases. Não permita que elas fiquem vazias da sua grandeza. A outra metade também importa.
Qual frase você completaria hoje? Se quiser, compartilha aqui.
"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber