09agosto
Há mais de 1 ano, no aproximar das horas para um grupo novo do Corpografias, o coração estava batendo tão forte, mas tão forte, que eu ria, apenas. Sem falar da preocupação de ficar ainda mais nervosa e isso impossibilitar a minha entrega espontânea.
Eu ria curiosa também: “oxe, mas nem é a primeira vez”. Teoricamente, foi a sexta vez. Mas meu corpo sentia que era a primeira de todas as vezes. Porque com aquele grupo e com aquelas pessoas, seria a primeira de todas as vezes, em absoluto.
E, então, 10 minutos para começar. Sentei, toquei no coração, com as duas mãos. Sim, as duas. E falei a ele com sorriso de canto de boca: “Sim, pode pular, coração. Pula mesmo, pula. Isso aqui é muito importante pra gente, né?! Dança. Dança mesmo aí dentro. Eu digo sim. Digo sim ao tremor, ao seu pulo, a sua dança e ao que vier.”
No lugar de lutar contra às ebulições e inquietações do corpo, eu apenas disse sim. E na medida em que fui falando, o coração incrivelmente foi acalmando naquela hora, como eu nunca havia experimentado antes na vida. Incrivelmente o coração acalmou com o meu toque e aceitação.
O nervosismo me acompanhou, sim, mas sem coração sambando tanto dentro de mim. Talvez ele só queria mesmo me dizer que estava feliz. Muito feliz. E a gente foi junto.
Eu sou um coração que dança e pula muito quando estou perto do que é significativo pra mim.
Observe em você. Às vezes a gente sente tanta raiva do coração, do tremor, da fala travada, em momentos tão importantes ou decisivos das nossas travessias. Mas, às vezes, é só o corpo querendo dizer: “Isso aqui é importante pra nós, viu?! Você sente?”
E assim poder tocar-se, em amor dos grandes, sabendo-se gente.
"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber