21março
Às vezes o corpo pede acolhimento.
Algumas pessoas não percebem os primeiros sinais e forçam, obrigam, mantém as circunstâncias desacolhedoras e adoecedoras. Outras pessoas até percebem os sinais, mas ignoram um por um, silenciando a dor, o sintoma, o grito.
Até não terem mais opção.
Quando é assim, só restará TER QUE parar, deitar numa cama, não conseguir trabalhar ou mover, chegando ao extremo e ao susto, para cuidar e olhar o que (não) tem sido feito. Para cuidar e acolher o corpo que foi invisibilizado.
Talvez, você já tenha ouvido falar em Psicossomática, que se propõe aos estudos e práticas referentes aos gritos da mente e do corpo, em conjunto. Sim, separados, mas conectados numa relação causal.
Na Gestalt-Terapia, por sua vez, o termo é questionado pois não traz em si a visão holística, de que somos corpo-mente, dentre outras dimensões, e que um inclui o outro. Perceba que incluir é diferente de dizer que um problema aqui causa um problema ali. Para nós, sintomas corporais não são causados pela mente, nem o corpo causa questões psicológicas. Para nós, uma questão psicológica INCLUI a expressão física do dilema, assim como um sintoma é expressão de um todo mais amplo, que INCLUI um dilema psicológico (Kepner, 1992).
Somos essa unidade indivisível. Nossas palavras, pensamentos, expressões, gestualidades, músculos e sensações se incluem e manifestam com unicidade.
Não é do nada e por nada. Como disse Thérèse Bertherat, o corpo tem suas razões. Como disse Jussara Miller, é vestido dos seus vestígios. E, para Mirta Domato, expressa as nossas histórias.
Parafraseando Clarissa Pinkola Estés, corpo me parece um “universo multilíngue” e imenso, que ao ser desconsiderado, empobrece nossas vivências e reduz as possibilidades de saber mais de si e fazer mais por si.
Como é essa relação-si-mesma(o)?
– Imagem encontrada em @secretyogaclub
"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber