05setembro

Hoje, revisitei as fotos que tirei nesse lugar. Ops! Não tem uma foto perfeita aqui. Foto perfeita!
Lembro que ali, olhava ao meu redor e via pessoas disputando os espaços para as fotos perfeitas, com muitas poses, roupas selecionadas e aparência impecável.
O interessante é que isso não chegou com incômodo pra mim. Me senti apenas observadora de tudo o que se passava. E isso fez com que eu percebesse o quanto estou confortável com a minha imperfeição ou forma de estar no mundo. Um conforto e forma aprendidos, porque nem sempre foi assim. Eu já fui a pessoa que desejava as fotos perfeitas e passava horas tentando, sabe?!
Era um tempo imenso destinado à busca por perfeição, por enquadramento, por aceitação. E é bem provável que tudo isso tenha relação com a insegurança da jovem Roberta, que não se sentia pertencente à brancura e que queria, ao menos, ter aprovação da brancura.
Frequentava lugares, experimentava comidas, estava com pessoas, sem estar. Em busca da perfeição e aprovação.
E fico aqui pensando: o que não mostramos em busca da perfeição? O que não vivemos? O que deixamos de sentir?
Eu acho imenso e honesto ser quem se é. E se você é a pessoa que quer fotos perfeitas, está tudo bem. Mas se as motivações envolvem o olhar de um outro, se causa desgaste emocional-físico, se faz com que se sinta em pedaços depois, se coloque no colo, compreenda, e sinta o que deseja fazer com isso.
Hoje, eu aceito que não sou a profissional do feed monocromático, não sou a pessoa do cabelo sem frizz, eu não sou a mulher que terá fotos perfeitas. Eu sou frizz, sou arco-íris e imperfeição. E tenho milhares de fotos, sim. Porque amo fotografia. Mas são milhares de fotos com cabelo arrepiado e desajeitado pelo vento, com a roupa que consigo ter, com o sorriso grande e a imagem tremida, porque sempre tiro umas selfies andando.
Não sei se percebeu, mas falo de algo para além de fotos. Falo de aceitação, de resgate de uma espontaneidade perdida, de pegar a própria imperfeição e girar com ela. E quando começamos com fotos, isso se expande e percorre outros ambientes e relações.
Esse processo é longo. Um chão que se repisa constantemente. Com dor e liberdade. ✊🏾
"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber