05setembro

Hoje, eu quero trazer uma proposta!
Vamos fazer uma viagem no tempo?
Retornemos agora à Idade Média, apenas para resgatarmos os modos de viver corpo daquele momento e sigamos adiante.
Corpo tem história!
No período medieval, o corpo cotidiano era compartilhado e misturado, de maneira bem natural. Leituras partilhadas em praças, danças em conjunto, encenações, e um carnavalesco vivido por todos, em todos. O corpo a corpo era algo presente.
Nesse ponto, Rodrigues (1999) nos fala que ali havia uma cultura do riso, que entendo como a cultura dos corpos espontâneos, que se deixam acontecer com o que está acontecendo, junto com outros corpos que gargalham e brincam também.
Digamos que podíamos falar sobre isso, mais fortemente, até 1500. Ao longo da Idade Moderna, entretanto, as transformações foram habitando os modos de funcionamento social. Desenvolvia-se uma espécie de cultura para os instruídos. E a elite, antes próxima, agora queria separação, agora sentia-se superior, e seus corpos “polidos” se diferenciavam dos corpos-outros.
E então, “a cultura do riso livre e liberador foi cedendo lugar a uma visão de mundo impregnada de medo, de docilidade, de resignação, de fingimento, de violência, de intimidação, de ameaças, de interdições, de exigências, de aterrorizações, de tremores, de contenções”. Rodrigues (1999) nos conta, assim, sobre a cultura da seriedade, já existente anteriormente em forma de ideologia e em alguns ambientes, mas que foi ganhando firmeza e contorno mais tarde, deixando o riso e a espontaneidade com hora marcada.
Após essa leitura antropológica, me questionei: como está a “cultura do riso” e a “cultura da seriedade” em nós?
Isso me lembra os corpos infantis que apresentam o mundo do riso, perdido e silenciado no trajeto para a adultez. Para que tão sérias(o)? Para que tão separadas(os)? Quais tabus foram colocados no corpo que é? O que você quer fazer com isso agora?
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Fotografias maravilhosas de @robwoodcoxphoto 😍
Referências: compartilhadas no Corpografia, nosso laboratório de saber e afeto. 💜
"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber