21dezembro
Buscar colo. Pedir e receber ajuda. Contemplar a natureza. Dançar. Se entregar. Buscar memórias afetivas. Autoacolhimento. Rir. Maratonar uma série. Um carinho no bichinho de estimação.
Você sabia que só é possível fazer travessia em uma dessas coisinhas, se estivermos nos sentindo em segurança?
Aqui, falo especificamente do Sistema Nervoso Autônomo que nos compõe, e que tece lentes e reações corporais. O conhecemos, sobretudo, dividido nos ramos Simpático e Parassimpático. Através dessa dupla, podemos nos proteger, nos preservar, descansar, lutar, manter senso de bem-estar, restaurar estados saudáveis, mergulhar em sensações de potência e abrir as portas da curiosidade.
Os caminhos neurobiológicos possibilitam relações distintas com o mundo. Podemos viver situações de ameaça, respondendo de acordo: correndo, lutando ou congelando e nos acalmando quando o perigo passa. Mas, também podemos permanecer em paralisia ou constante estado de alerta, mesmo que as coisas ao redor, se apresentem tranquilas e seguras. Depende da nossa história no mundo e na vida. Depende dos ambientes onde nos desenvolvemos. Depende do que já vivemos de horror, de dor intensa e do que foi possível ser ou fazer.
Quando começamos a habitar com frequência estados de alerta ou de anestesia, algo de saúde escapa, e vamos perdendo contato com o momento presente, talvez também com o que vemos enquanto nosso propósito existencial, talvez com as relações (consigo – com a vida – com outras pessoas), tornando-se relações mais aceleradas, desvitalizadas ou assustadas. Assim, desligamos uma pulsação que abre as janelas do vínculo e do prazer.
Nesses momentos, é importante lembrar que somos um corpo inteligente e organizado para promover bem-estar também, sendo possível descansar, respirar com calma, se entregar a um momento bom, na própria companhia ou entre pessoas queridas, através de um redirecionamento do olhar e da atenção, com intenção.
Por meio de movimentos, respirações, (auto)toques e busca por determinadas atividades ou contatos interpessoais, é possível pisar nesse solo de segurança e conforto outra vez. Coloca isso na mochila e leva contigo.
Trago uma proposta: que tal experimentar um desses elementos-palavras, que coloquei no início do texto, hoje, amanhã ou no final de semana, com um intuito amoroso e profundo de aconchego? Veja o que acontece.
"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber