+55 (71) 9.88879414
contato@robertabragapsi.com.br

image

07novembro

Quais são os componentes emocionais do que surge no corpo, enquanto sintoma?

Uma boa pergunta para recepcionar alguns sintomas que chegam. O que será que contam quando chegam? De quais emoções dizem? De que maneira narram?

Imagine a ponta de um iceberg. Assim são os sintomas. No fundo imenso, mais abaixo ou cavando pelas camadas de si adentro, talvez encontremos tantos e muitos abismos, desatenções dentro-fora, e dores que enrouqueceram de tanto gritar.

Para Georg Groddeck, psicanalista que se interessava fortemente pela psicossomática, a doença ou os sintomas são expressões do eu. A nossa história está inscrita no corpo, diz ele, corpo que dá voz para diversos conflitos, que pedem escuta, compreensão e acolhimento.

O autor nos fala que este corpo conta justamente o que precisamos saber. Os sintomas ou as doenças visitantes nos convocam a algum nível de mudança. Já percebeu? Seja de prioridade, de necessidade, de estilo de vida, de cuidados para consigo. Ou infinitos outros chamados.

Achei bonito quando descobri que, para Groddeck, a doença ou o sintoma são caminhos de resgate. Concordo muito. São mesmo caminhos para resgatarmos as nossas partes mortificadas, esquecidas ou objetificadas. Caminhos de se ver e ouvir.

Nana Schnake, gestalt-terapeuta chilena, afirma que as doenças e os sintomas não são nossos inimigos, apesar de que o habitual seja lutar contra esse outro que “não sou eu”, que “surgiu do nada”, que “levo para um especialista cuidar e pronto”. Schnake defende a necessidade de dialogarmos com a dor e o grito do corpo, pois nesse organismo que você é, há uma sabedoria imensa. O corpo é um grande livro de saberes, de algumas verdades e de memórias.

Eu finalizo com Alexander Lowen, que tanto admiro, quando diz: “em muitos sentidos, a vontade de prosseguir é uma qualidade digna de admiração, mas às vezes tem um efeito desastroso sobre o corpo”.

Prossiga. Mas prossiga com você-corpo, em escuta e amorosidade, se possível. Prossiga com pausas. Segurando sua mão. É preciso participar da produção do cuidado de si.

Voltar

"Não tenho ensinamentos a transmitir. Tomo aquele que me ouve pela mão e o levo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo." | Martin Buber